
OIL Lumiar | Escola Nómada – O meu bairro imaginário
Os vetores “Cidade e Património” foram o substrato deste projeto de continuidade que alimentou a ideia de os jovens do 3º ciclo da escola EB2/3 Alto do Lumiar serem capazes de (re)configurar e (re)significar a cidade que (também) tem de ser deles. Alinhados com a génese do programa DESCOLA (CML-DMC) e com as metodologias criativo-artísticas a ele inerentes, escolhemos como “pano de fundo” da “Escola Nómada” (EN) a temática da Toponímia, isto no âmbito da educação não formal (que, dentre as respostas sociais, compreende o eixo “C” – Educação). Foi com satisfação, e via EN, que a Câmara Municipal de Lisboa (DMC e DDS) contribuiu para a mitigação das desigualdades sociais naquela que é a maior freguesia de Lisboa e onde as assimetrias são mais gritantes.


O Gabinete de Estudos Olisiponenses junto com a artista plástica Ana Salomé Paiva (e artistas convidados) e a professora Juliana Costa, num primeiro momento, e por fim Marta Ferreira (a tutelar a turma no 8º e 9º ano, respetivamente), deram forma e fôlego a esta jornada que compreendeu mais de três dezenas de sessões nómadas. Sob esta tessitura toponímica trabalhamos a disciplina de “Cidadania e Desenvolvimento”, que nos foi confiada, ferramentando os alunos com diversas competências, nomeadamente relacionamento interpessoal; informação e comunicação; pensamento crítico e pensamento criativo, e não menos importante, sensibilidade estética e artística. Cientes que cidadania não pode ser só um conceito, mas sim um modus operandi – portanto fomos os primeiros a adotá-lo para contribuir para esta literacia a que nos propusemos. Decididamente estes alunos (muitos deles de naturalidade não portuguesa) olharam com respeito e curiosidade uns para os outros, com as suas histórias de vida tão diversas aprenderam a compreensão e treinaram a empatia; desafiaram e destronaram as falsas certezas; permitiram-se aceitar o turbilhão das emoções e foram capazes, paulatinamente, de ouvir e de se fazer ouvir (civicamente).
As estratégias pedagógicas assentes em práticas artísticas, sempre com um cunho teórico-prático e oficina-experimental… sem esquecer as saídas-visitas; e aquele caldo invisível da escuta/presença confortante e do contínuo semear de uma atitude capacitante e empoderadora perante estes jovens (por vezes portadores de um estigma invisível de uma não-capacidade que carregam sem o saberem… talvez por não corresponderem aos desempenhos escolares que gostariam). As palavras de eco final de Marta Gomes Ferreira (a docente tutora) são por demais evidentes dos objetivos e dos resultados que alcançámos:
“O projeto “Escola Nómada – o meu bairro imaginário” tem sido fantástico e enriquecedor para os alunos. Estes têm trabalhado vários temas, sempre de uma forma prática, o que lhes tem permitido desenvolver várias competências expressas no perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória. Esta vertente mais artística ajuda-os a saírem da sua zona de conforto, a pensarem em problemas das suas zonas de residência e em possíveis soluções para mitigarem essas questões. (…) As sessões nómadas contemplaram uma base humanista de aprendizagem, de inclusão e de adaptabilidade/flexibilidade e ousadia, acabando por complementar sobremaneira o trabalho desenvolvido com os alunos na escola. A excelente orientação artística da Salomé e das mediadoras culturais da Câmara Municipal de Lisboa, Judite e Vanda, são também absolutamente imprescindíveis para que tudo funcione e corra pelo melhor. Concluiria afirmando que o projeto “Escola Nómada – o meu bairro imaginário” contribui, decididamente, para a mitigação das desigualdades sociais da turma, capacitando os alunos e acrescentando-lhes múltiplas competências, nomeadamente o conhecimento da própria cidade. Os alunos gostam desta forma de trabalho [o ensino não-formal] e agrada-lhes também muito o contacto e o aporte referencial que estas pessoas externas à escola conseguem trazer”.